segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Relembrando velhos programas - Casa dos artistas (2001)

 Em 2001, praticamente não existia reality shows no Brasil. A MTV exibia o “Na Real”, para um pequeno público que era assinante, a Globo tinha feito uma pequena tentativa com o “No Limite” (chupado diretamente do “Survivor” americano) mas as experiencias se limitavam a isto. Tudo isto mudou em Outubro de 2001. O motivo? Silvio Santos, com seu canal o SBT resolveram fazer uma aposta e trazer para o público a “Casa dos artistas” (que de artistas mesmo tinha poucos) e ser o primeiro grande reality show do Brasil.

A estreia foi marcada com muito mistério e uma certa dose de suspense. Também pudera, o programa tinha óbvias semelhanças com o então desconhecido “Big Brother” da holandesa Endemol. Ambos se passavam em uma casa, com o mesmo número de participantes. As regras eram bem parecidas. Cada semana um era eliminado e eles não poderiam ter acesso a itens como televisão, relógio ou coisas do tipo.

O programa estreou em um domingo, 28 de outubro de 2001. Silvio recebeu os convidados em um palco e em seu programa e pouco a pouco foi apresentando cada um deles. Como o formato ainda não era totalmente conhecido, havia um ar de novidade no programa que não se vê mais nos realities hoje. É bom lembrar que na época, não havia a concorrência de netflix, internet e TV por assinatura tinha um público menor.
Entre os “artistas” estavam Alexandre Frota, ator de idas e vindas na Rede Globo; Supla, retrazido ao sucesso por Marcos Mion, graças aos “Piores clipes do mundo”; Leandro Lehart, vocalista do Art Popular; o ator Taiguara Nazareth, já inaugurando a regra das cotas dos reality shows; Mateus Carrieri e Marco Mastronelli.
Entre as mulheres, Alessandra Scatena; assistente de palco do Gugu; Núbia Ólliver (que na época se chamava Oliveira, eu acho); Mari Alexandre; Patricia Coelho; Nana Gouveia e uma então desconhecida Bárbara Paz fechando o time da mulheres. Como se vê, artistas não era o forte dessa casa mas deixa pra lá.

Silvio apresentou os participante um a um e mandou todos para uma casa com câmeras 24 horas no Bairro do Morumbi em São Paulo. A coisa era tão incipiente que nem sequer havia um pay-per-view que filmasse o programa 24 horas por dia (passou a ter algum tempo depois, graças ao sucesso do programa). Sendo exibido à noite, no horário nobre, o programa rapidamente começou a incomodar a emissora do plim-plim que via (e com razão) as enormes semelhanças com o “Big Brother”,que estrearia na Globo somente em Janeiro.
Quando estreou o programa rapidamente se tornou um sucesso. O público, até então não acostumado com aquele tipo de show passou a se divertir em ver um grupo de pessoas dentro de uma casa interagindo umas com as outras. Vale lembrar que os próprios participante não eram acostumados com reality shows. Ou seja, a participação deles era muito mais autêntica do que se viria em realities posteriores. Não se tinha aquela sensação de “mais do mesmo” que se tem quando vai começar mais um “BBB” ou “A fazenda”...
Por mais que muitos o odeiem, Alexandre Frota foi o grande destaque no início. Fazendo manipulações e falando pérolas como “Mari... ela é a mulher do Vavá”, certamente contribuiu (e muito) para os bons índices no Ibope. Supla e Bárbara Paz começaram a engatar um romance, o que também foi mais um fator de sucesso junto ao público, ainda desacostumado a tal ideia.
Alguns problemas também ocorreram. Na primeira votação, os participantes tiveram acesso a opinião do público, trazendo à tona a manipulação que Frota havia feito para eliminarem Alessandra Scatena. Ficou claro que não havia uma preparação nem uma antecipação de que aquilo ocorreria. Como resultado, Frota resolveu sair mas voltou 2 dias depois (!) graças à intervenção do dono do baú. Ele sabia que sem ele, o programa não seria a mesma coisa.
Além disso, o programa também saiu do ar durante alguns dias devido a uma ação da Rede Globo que considerava o programa plágio do Big Brother. Algum tempo depois, o programa voltou ao ar para não sair até seu final em dezembro de 2001.
Em um mundo com internet discada, sem sms, sem twitter, sem whatsapp, sem hashtags, a forma de votação era bem simples. 20 pessoas ligavam para o programa e conversavam com o Dono do Baú e votavam nos indicados e justificavam seus votos, ou seja uma margem mínima no número de telespectadores. Mesmo assim, foi o modo de votação até o final.
Casa dos Artistas foi um sucesso magnífico, capa da Veja e nos domingos, dia da eliminação, o Fantástico sofria com o programa, levando sucessivas derrotas na audiência. Bárbara Paz acabou ganhando o prêmio, na época de R$ 300.000,00 (uma boa grana), mas não seguiu adiante seu romance com Supla. Fez a pavorosa novela “Marisol” no mesmo SBT, Frota e Matheus Carrieri foram fazer filmes pornôs, Núbia e Mari Alexandre foram posar nuas de novo e o programa teve outras edições sem o mesmo sucesso da primeira edição.